A família do catador de lixo morto não consegue ajuda de órgãos públicos para transportar o corpo ao SVO.
O catador de lixo José Carlos Ferreira de Sousa, de 39 anos, mesmo depois de morto, foi protagonista ontem de cenas de desumanidade, abandono e crueldade. Ele morreu nas primeiras horas da manhã de ontem e, sem conseguir transporte para levar o corpo, após pedir ajuda a diversos órgãos públicos, a comunidade e sua família decidiram transportá-lo na carroça de guardar lixo em que ele trabalhava, num cortejo entre o Jangurussu, passando pelo Frotinha de Messejana até chegar no Sistema de Verificação de Óbitos (SVO), na BR-116, sob o sol escaldante.
Fotos e trecho da Matéria
DIÁRIO DO NORDESTE
Nosso amigo Radialista PEDRO SAMPAIO, focaliza aqui em sua poesia o drama de JC
O CATA(DOR) MEU HÉROI
O Carro sumiu....
Quem foi que assumiu.?
Ninguém sabe,ninguém viu....
José Carlos o cata(dor) se foi...
Agonizou,sofreu dor o cata(dor) sofredor
Ninguém se interessou...
Ninguém o hospitalizou...
Ninguém se importou...
E o doutor.? ora bolas! o liberou...!!!
Vá se caatar...cata(dor)...!!!
Vá catar...dor..!!!
E o doutor?...o consultou,hidratou...será?
E a dor do cata(dor) ? é mazela,buscopan nela...!!
E a dor do cata(dor) ? joga pela janela...!!!
E a dor do cata(dor) ?...vá ...vá vá curar na favela...
O cata(dor) doutor...tá catando agonia...
Ele não amanhecerá o dia...!!!!
E se amanhecer...??? ah...será loteria!!!
O cata(dor) doutor não suportou a dor...!!!
Se ferrou..!!! sabe doutor! o que aconteceu????
MOOORREU.....!!!!!!
No sono , no abandono e sem dono!!!
Parece capricho...!!!!
O cata(dor) de lixo
E seu carrinho com quem catou a dor de viver..
Foi o amigo inseparável na hora de morrer..!!!
Sem lenço,sem documento..!!
Não teve alento no duro momento...
Da consumação...
Seu corpo exposto,à lama e ao paú..
José Carlos nessa vida...
Sem ter voz altiva...
Me fez lembrar Patativa...
Canta(dor) da triste partida..
Cantou também prá tú...!!!
Teu carrinho na vida...
Fazia tua despedida...
Em tua triste partida...
Te levando pela avenida...
Do teu JANGURUSSÚ...
Aos olhos do insensato...
Desfilava ao sol inclemente...
Como fora um assasinato...
De um pobre indigente...
Não te fizeram sentinela...
Na Fortaleza bela...!!!
E isso Zé ...isso me dói...
E eu não esqueço jamais....
Zé descanse...em paz...!!!
Tú és meu héroi...!!!!